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quinta-feira, 7 de março de 2013

Análise do Jogo - Tottenham 3 x 0 Inter de Milão - Liga Europa

Na partida de maior peso das oitavas de final, o Tottenham dominou amplamente a Internazionale de Milão e colocou os dois pés na próxima fase. Gareth Bale mostrou por que é um dos jogadores mais desejados e valorizados da temporada.





Aquecimento

André Villas-Boas escalou seu time no 4-2-3-1. No gol o veterano americano Brad Friedel foi escalado no lugar do titular da seleção francesa, Hugo Lloris. Na frente, Jermaine Defoe ganhou a vaga no lugar de Emmanuel Adebayor, que perdeu um treino essa semana. De resto, o time foi o mesmo que venceu o clássico londrindo contra o Arsenal no final de semana. Ou seja: Walker, Gallas, Vertonghen e Assou-Ekoto na linha defensiva. Dembélé e Parker no meio. Lennon na ponta-direita, Sirgudsson na esquerda, e o astro do time, Gareth Bale, bem atrás de Jermaine Defoe.

O técnico da Internazionale, Andrea Stramaccioni, ficou sem um dos seus melhores jogadores, Freddy Guarin, que não estava 100% e só pôde entrar no segundo tempo. Armou o time em um 4-1-4-1 com Juan Jesus, ex-Internacional-RS e zagueiro de origem, na lateral esquerda, e Álvaro Pereira - originalmente lateral-esquerdo - na ponta-esquerda. A dupla de zaga foi formada por Chivu e Rannochia, com Javier Zanetti, na lateral direita. O goleiro foi Handanovic, destaque do empate com o Milan. A frente da zaga, Kovavic protegia, enquanto Gargano e Cambiasso ficavam um pouco a frente. Ricky Alvarez jogou na ponta direita, com Cassano no comando de ataque.

O momento antes do jogo com certeza favorecia o time inglês. Após vencer o Arsenal no fim de semana, e se aproximar do fim de um período de 18 anos em que não termina uma Premier League na frente do rival local, ou seja, desde a chegada do técnico Arsene Wenger aos Gunners. Além disso, Gareth Bale vinha de uma grande sequência de gols e assistências que colocaram a mídia européia a lhe colocar cada vez mais perto do Top 5 de jogadores do futebol mundial, quando não do Top 3. Ao mesmo tempo, a Internazionale, gigante do futebol mundial, não passa do quinto lugar no campeonato italiano, e sofre sérios riscos de não disputar a Liga dos Campeões ano que vem.

A titúlo de curiosidade, cada time entrou em campo com um veterano mais velho que os técnicos. Javier Zanetti, 39, e Brad Friedel, 41, ambos mais velhos que Villas-Boas, 35, e  Stramaccioni, 37.

Tottenham pressiona a saída do Inter, e mata o jogo logo no início.

Quando esses dois times se enfrentaram na fase de grupos da Liga dos Campeões em 2010, Gareth Bale despontava como um grande ponta-esquerda. Tendo feito seis gols em duas partidas, e notadamente destruído o lateral-direito Maicon, o galês apresentou ali seu cartão de visitas. Mas, de lá pra cá, e com a chegada de André Villas-Boas ao comando do time inglês, ele diversificou enormemente seu jogo, saindo da ponta e jogando de armador clássico e de falso nove. Hoje, jogando como um camisa 10/segundo atacante, a grande questão seria como a Inter lidaria com essa ameaça.

A resposta do técnico italiano foi escalar Kovacic entre as linhas de 4, com a clara missão de acompanhar o Galês. Essa missão, entretanto, não foi simples e nem um sucesso, no final. A versatilidade e habilidade do Galês o fazia flutuar ao redor da área, muitas vezes sem ser acompanhado. Escalado ao lado de Jermaine Defoe, Lennon e Sigurdsson, a movimentação intensa do quarteto fazia com que a defesa não conseguisse acompanhar

Para reforçar a marcação no veloz Lennon, pela direita, Juan Jesus jogou por ali, fazendo a dobradinha com Alvaro Pereira. Entretanto, logo na primeira jogada do time inglês, uma tabela de Lennon com Walker fez a dupla italiana ficar a ver navios, com o ponta inglês escapando até a linha de fundo e cruzando.

Mas a maior característica do jogo foi a atitude e intensidade do jogo inglês. Como já é praxe dos times de AVB, a linha defensiva jogou a maior parte do tempo bem alta, quase na linha intermediária. Ao passo que a Internazionale saía jogando da defesa, o time inteiro do Tottenham pressionava, com os 4 da frente encaixando na linha defensiva, e Moussa Dembélé, um gigante do meio-campo londrino, acossando os volantes italianos. Por isso, os primeiros vinte minutos foram marcados por inúmeros passes errados por parte da Internazionale, que sofria com o ataque londrino. Não a toa, foi nesse período que o Tottenham matou o jogo, com Bale marcando - mais um - um gol de cabeça em cruzamento da esquerda de Sigurdsson (mais sobre esse gol adiante) e depois com o próprio Sigurdsson marcando o seu após jogada de Lennon pela direita.

Inter tenta tirar proveito da alta linha defensiva, mas não consegue e toma o terceiro.

Contra um time que tem atacantes velozes e joga com uma linha defensiva muito alta, é uma estratégia válida jogar com uma defesa recuada, de forma que a velocidade dos atacantes não seja um fator. Aliás, o Arsenal perdeu o jogo do campeonato inglês justamente porque também joga avançado, e os espaços foram muito bem aproveitados. A estratégia da Inter então foi justamente recuar, dar campo ao Tottenham, e tentar ele próprio aproveitar os espaços deixados pelo time inglês. Nesse quesito foi notável o esforço do time italiano de fazer lançamentos para Alvaro Pereira, no espaço as costas de Waker e Gallas. Poucas vezes, entretanto, o uruguaio conseguiu aproveitar esses lançamentos. Isso porque a defesa do Tottenham sempre esteve atenta, e recuava de forma a se adaptar rapidamente. Em outro momento, Ricky Alvarez apareceu nesse espaço, tendo desperdiçado seu chute.

A linha recuada da Inter, enquanto tentava anular a velocidade dos atacantes adversários, favorecia o jogo aéreo. O técnico nerazzuri provavelmente avaliou que não existia na equipe inglesa uma grande ameaça nesse sentido - principalmente com a ausência de Adebayor - mas o gol de cabeça de Bale mostra justamente como ele domina também esse fundamento, para a infelicidade dos interistas.

Para o segundo tempo - já perdendo por 2 a 0 - Stramaccioni tirou Juan Jesus e colocou Rodrigo Palacio, com Pereira indo para a lateral e o argentino ocupando o lado esquerdo do meio-campo. Antes que a mudança pudesse sortir efeito, a Internazionale levou o terceiro gol em uma cabeçada de Vertonghen, que já havia levado perigo duas vezes antes no mesmo tipo de jogada. A partir daí, o Tottenham pôde tirar um pouco o pé, ainda que tenha mantido a pressão na saída da bola por mais alguns minutos.

Entraram Guarin e Jhonatan - lateral direito Bola de Prata Placar - no time da Internazionale, com Zanetti indo para a meia-direita. O jogador colombiano foi jogar no meio, para ajudar no combate que a Internazionale tanto perdia. O segundo tempo seguiu mais equilibrado, tanto pelas mexidas quanto pelo resultado, que já estava bem-definido. Palacios teve uma incrível chance para diminuir o placar, aparecendo cara a cara contra Friedel, que defendeu o chute. Mas muito mais perigosos foram os inúmeros contra-ataques, puxados por Gareth Bale e Jermaine Defoe, que, por capricho demais, não foram melhor trabalhados e/ou finalizados.

Conclusão

Em toda medida, o Tottenham é hoje mais time que a Inter. Tem um técnico mais capaz e experimentado na Europa, apesar da pouca idade de ambos. Está melhor no campeonato nacional e tem um jogador fora de série no nível que não existe hoje no time italiano. Freddy Guarin, que foi um dos pontos de desequilibrio a favor da Inter e o ponto forte no jogo contra o Milan recentemente, não pôde entrar até que o jogo já estivesse praticamente definido. As expectativas em cima de Gareth Bale eram muitas para esse jogo, e ele não decepcionou, apesar de ter pego um amarelo por simulação e ficado fora do jogo da volta, não deve fazer falta. A Inter poderia ter tentado algo parecido com o que o Milan fez recentemente contra o Barcelona, e ter feito valer o peso da sua camisa, aliado a uma exibição quase perfeita taticamente, mas não foi o caso. Enquanto o Milan tem Boateng e El Sharaawy para aproveitar os espaços deixados pela marcação pressão, a Inter teve hoje Alvaro Pereira e Ricky Alvarez, que não foram bem.
O Tottenham é grande candidato ao titúlo da Liga Europa. Tudo indica que Villas-Boas dá muito valor a esse campeonato, que ele já conquistou com o Porto duas temporadas atrás. Eliminar um gigante do tamanho da Inter não faz nada mal pra confiança também.
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