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terça-feira, 15 de julho de 2014

Alemanha 1 x 0 Argentina - Final da Copa do Mundo 2014

Argentina joga consciente de suas limitações e cria as melhores chances de abrir o placar, mas não consegue acertar o alvo. A Alemanha supera os problemas físicos, usa o qualificado banco e faz o gol da vitória na prorrogação. Assim como Itália e Brasil, os alemães chegam ao tetracampeonato 24 anos após o tri.


Argentina no 4-4-2/4-4-1-1 e a Alemanha no 4-3-3 sem Khedira.

Posse de Bola x Contra-Ataque
A Alemanha e a Argentina praticamente repetiram os times que jogaram as semifinais, com a exceção de Khedira, que sentiu a panturrilha no aquecimento e deu lugar ao jovem Kramer. A atitude de cada time ficou claro desde o inicio. A Alemanha dominava a posse de bola, usando o entrosamento da base do Bayern - seis jogadores do time alemão em campo. Já a Argentina também manteve o estilo que a levou até a final: jogou com a inteligência de reconhecer seus pontos fortes e fracos. Defendeu com duas linhas de quatro bem próximas e com os jogadores de lado agrupando mais e focando em proteger o centro do campo. E deixou Messi livre para aproveitar os contra-ataques.
Passes no 1º tempo: Alemanha dominou a posse de bola,
enquanto a Argentina esperou oportunidades de contra-atacar.
Lesões da Alemanha
A perda de Khedira no aquecimento fez com que o meio-campo da Alemanha perdesse um pouco da energia necessária para fazer a marcação pressão que destruiu o Brasil na semifinal. Não bastasse o jogador do Real Madrid perder o jogo, o seu substituto, Cristoph Kramer, um jovem que havia estreado na seleção alemã apenas em maio, se chocou com Garay e teve de ser substituído - o choque foi tão forte que ele não lembra do tempo que ficou em campo - com apenas 30 minutos de jogo. O técnico Löw colocou em campo o seu 12º jogador: Schürlle. Com isso, Özil saiu da meia esquerda e veio jogar no centro, com Schürlle indo para a ponta-esquerda. O time ficava com um formato que lembrava mais o time de 2010, com mais velocidade na frente. Em contra-partida, Kroos teve mais responsabilidade defensivas e não conseguiu se destacar no jogo.

Ataques forte pela direita
Uma característica em comum dos dois times era a presença de um zagueiro na lateral-esquerda: Höwedes pela Alemanha e Rojo pela Argentina. O sul-americano, ao menos, é canhoto e mostrou alguma fluência ofensiva ao longo do torneio. Já o alemão é destro e claramente o ponto fraco da equipe européia. Portanto, o mais natural é que os times atacassem pela direita - sempre o confronto do lado forte de um contra o lado fraco do outro. A Alemanha usava a combinação Muller e Lahm, entrosada do Bayern para explorar o flanco direito, também porque a Argentina fechava o meio e dava os lados do campo para a Alemanha. Já a Argentina usava a velocidade de Messi e Lavezzi para contra-atacar em cima de Höwedes e Hummels. O segundo é ótimo zagueiro, mas sofre quando precisa correr.

Lahm no Ataque: Muito espaço para chegar na frente.

Dribles de Messi: Os mais perigosos foram pela direita, em cima de Hummels.
Altura da Marcação
Se ambos times tem a semelhança de utilizar mais o lado direito do ataque, uma diferença marcante é a altura em que os dois concentram a sua marcação. A Alemanha tem como caracteristica utilizar uma linha defensiva bem avançada, diminuindo o espaço de criação do time adversário, e exigindo de seu goleiro - o melhor da Copa - habilidades de líbero. Além disso, todos os jogadores do time são chamados participar da pressão ao adversário, começando pelo centroavante Klose - veja abaixo. Já a Argentina faz o contrário. Defende com linhas recuadas, protegendo sempre a entrada da área com oito jogadores e dando liberdade para Messi e Higuain se posicionarem de forma a estarem com folêgo para puxar o contra-ataque. 

Recuperação da Bola no primeiro tempo:
Alemanha consegue recuperar a bola mais a frente e a Argentina atrás.

Participação Defensiva de Klose: Ajudou na marcação desde o ataque.
Schweinsteiger
O maestro alemão jogou a grande partida de sua vida. Jogando como um "volante de criação", ele completou ao longo do jogo 94 passes. Ficou um pouco sacrificado pela ausência de Khedira, o meia que corre por ele. Ainda assim, jogou os 120 minutos mesmo tendo sofrido muito na prorrogação, levando um soco que cortou seu rosto e precisando levar pontos na beira do gramado. Jogou os últimos minutos no sacrifício mas permaneceu em campo para ajudar a controlar o meio-campo.
Passes de Schweinsteiger: O maestro do meio-campo alemão.

Agüero vem pro jogo
No intervalo, Alejandro Sabella mexeu no time: Tirou Lavezzi, boa opção de velocidade, e colocou Agüero. Em forma, o atacante argentino seria muito útil nesse jogo por dar uma opção de infiltração por trás da linha defensiva da Alemanha. Entretanto, sem estar 100% no jogo, Aguero não foi o mesmo. Ainda assim, a sua entrada produziu uma mudança de atitude na Argentina. Messi tinha dois homens a sua frente, e ocupava mais o setor de Schweinsteiger, inibindo um pouco o alemão. A Argentina avançou um pouco sua marcação e tentou atrapalhar mais o toque de bola alemão. De fato, os europeus tiveram menos posse de bola no segundo tempo, com a Argentina equilibrando as ações e criando as melhores chances. Destaque ainda para a atuação de Mascherano, bem na fase defensiva - sua especialidade - mas também na ofensiva. Um dos grandes jogadores do torneio.

Argentina voltou do intervalo no 4-3-1-2, bloqueando as ações da Alemanha no meio-campo, que se reorganizou em um 4-2-3-1 com a saída de Kramer e a entrada de Schürlle

Höwedes
O lateral esquerdo da Alemanha é originalmente um zagueiro pela direita. Improvisado por falta de opções, o alemão foi apontado durante toda a Copa como o elo fraco do time. Entretanto, essa fraqueza não foi explorada bem em nenhum jogo do mata-mata. Até a final. No primeiro tempo, Messi e Lavezzi buscaram jogar por ali com velocidade. Depois, a Argentina marcou todo o time da Alemanha menos ele. Quando tinha a responsabilidade de sair com a bola, ele facilitava a vida dos adversários.

Boateng
Mesmo sem ter a posse de bola, a Argentina foi inteligente para esperar e contra-atacar usando seus ótimos homens de frente. Com Hummels e Höwedes vulneráveis do lado esquerdo da defesa, coube a Boateng fazer a cobertura. Em várias oportunidades, o zagueiro do Bayern precisou fazer intervenções cirúrgicas na defesa da Alemanha, para evitar que Messi e Aguero chegassem frente a frente com Neuer. A sua atuação foi simplesmente perfeita, e mostrou como a Argentina chegou perto do título.
Ações defensivas de Boateng: Acertou todas que tentou.
Substituições
Pouco antes do apito final, Klose foi substituído por Götze. O meia-atacante do Bayern de Munique está acostumado a jogar como falso nove pelo seu clube, mas nesse jogo ele entrou para jogar pela direita, com Muller se tornando o centroavante de movimentação. Sabella completou suas três substituições pouco antes do tempo regulamentar, colocando Palacio no lugar de Higuain e Gago no lugar de Biglia. O atacante argentino tinha a missão de ocupar permanentemente Schweinsteiger e ainda aparecer na frente.

Na prorrogação: Gotze no lugar de Klose e Palacio marcando Schweinsteiger.

Prorrogação
O padrão de jogo continuou. Mesmo com Schweinsteiger e Kroos sentindo o cansaço e os efeitos da batalha física, a Alemanha dominou a posse, mas tinha dificuldade de penetrar na área da Argentina, bem protegida pela dupla Garay e Demichelis e pelo monstruoso Mascherano. A Argentina apostava em contra-ataques, e chegou a ter a bola do jogo com Palacio, que tentou encobrir Neuer e colocou a bola pra fora. Até que a Alemanha conseguiu seu gol - um exemplo da boa movimentação dos homens de frente da Alemanha. Götze tinha jogado mais pela direita, mas começou a jogada na esquerda. Muller estava no centro, marcado por Garay. Özil estava na direita. Schürlle pega a bola na meia-esquerda e avança com ela. Müller sai da área em direção ao meio, atraindo a marcação de Garay. Zabaleta - que marcava Götze, deixa o alemão quando este se desloca para o centro e tentar parar Schürlle. Götze entra no espaço deixado por Garay e recebe livre de Schürlle, fazendo bonito gol. Faltando 8 minutos par ao fim do jogo, a Alemanha fez o gol da vitória.

Lance do gol: Muller sai da área e cria o espaço aproveitado por Götze.
Constante movimentação dos homens de frente é parte chave do jogo alemão.



Conclusão
Um jogo muito equilibrado, com duas equipes executando bem seu plano de jogo. A Alemanha naturalmente dominou a posse de bola, liderada pela dupla Kroos e Schweinsteiger no meio-campo. Atrapalhada pelas lesões, mostrou o poder do seu elenco ao marcar o gol em jogada de Schürlle e Götze, dois reservas que seriam titulares em muitas das grandes seleções mundiais. 
Já a Argentina também foi muito inteligente ao longo dos 120 minutos, tendo tido as melhores chances do jogo, com Higuain, Messi e Palacio. Infelizmente para os argentinos, os três chutaram para a fora. Coincidentemente, foi o primeiro jogo em que a Argentina não conseguiu chutar na direção do gol desde a final da Copa de 1990, também perdido para a Alemanha. Apesar da discutível substituição de Lavezzi - mais inteiro - por Agüero, Sabella soube montar um time que é limitado tecnicamente, mas que por pouco não foi campeão do mundo.
Mesmo em momentos de dificuldade, a Alemanha manteve-se fiel ao seu estilo de jogo e foi recompensada. Schweinsteiger foi um herói da final depois de jogar mesmo depois de cortar o rosto e levar pontos durante o jogo. Enfrentou uma Argentina que valorizou muito o titulo merecido que premia uma geração que chegou em 4 semifinais seguidas - um recorde.

Chutes a gol: Mesmo com o domínio alemão da posse de bola, ambos os times tiveram o mesmo número de chutes.
Mas os argentinos não acertaram o gol nenhuma vez.




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