Pages

domingo, 19 de junho de 2016

México 0 vs 7 Chile - Quartas-de-final - Copa América


Escalações

Juan Carlos Osorio usou três formações diferentes em três jogos, inclusive usando três goleiros diferentes. Para esse jogo, optou por deixar Rafa Marquez no banco, com Aguilar entrando na lateral e Duenas como primeiro volante no lugar de Reyes. Na ponta-direita, Lozano foi titular no lugar de Aquino. No gol, Osorio escolheu Ochoa.

Em relação ao time que enfrentou a Argentina, o Chile tinha problemas nas duas laterais. Por isso, Beausejour começou na lateral esquerda, com Fuenzalida jogando na direita. No ataque, Puch foi escalado ao lado de Vargas e Alexis Sanchez. O resto do time foi como esperado.


Pressing e Lançamentos

O início do jogo foi marcado pela intensa pressão na saída de bola adversária. O Chile sabe que o México gosta de sair tocando, e usa muito seus zagueiros para construir o jogo. O México fez o mesmo. A grande diferença foi que o Chile foi capaz de fazer o pressing com muito mais coesão como time, e com mais intensidade. Já o México se dividia em dois blocos na hora de pressionar, deixando espaços entre eles que o Chile conseguia explorar.


Com os dois times pressionando alto, os times procuraram contornar a pressão com lançamentos longos. O Chile usou esse método, e encontrou espaço tanto entre as linhas de defesa e ataque mexicanas, quanto atrás da linha de defesa. Por isso, foi muito mais perigoso. O primeiro gol saiu depois de um lançamento de Medel, em que vários jogadores chilenos entraram na área adversária, mas os jogadores mexicanos demoraram demais a recompor a defesa.

O México não soube usar seus lançamentos. Quando deveria usá-los, preferia sair tocando, mesmo quando o Chile era claramente muito forte na pressão. Só fez os lançamentos quando já hávia furada a pressão, e quando podia tocar livremente, preferia lançar. Ou seja, fez as escolhas erradas.

Chile inteligente

Depois do gol, o Chile foi mais inteligente e economizou um pouco no pressing. Contando com o avanço mexicano em busca do gol de empate, recuou um pouco mais, alternando contra-ataques com uma pressão mais esporádica.

O México conseguiu tocar mais a bola, mas foi bem bloqueada. Concentrou seus avanços pelo lado esquerdo, que tinha Layun improvisado na lateral. Entretanto, Puch foi escalado por ali para conter seus avanços, muitas vezes recuando como lateral, ajudando a anular as forças pelas pontas do México. Do outro lado, Aguilar era mais contido, vigiando Sanchez. Isso deixava o time mexicano vazio pelo lado direito, com Lozano isolado, sem apoio.

Na volta do intervalo, Osorio mudou dois jogadores, mas antes que as alterações pudessem fazer qualquer coisa, a pressão chilena conseguiu mais dois gols, efetivamente encerrando a disputa. Com o time mexicano entregue, o Chile terminou o jogo com sete gols.


Conclusão

Jurgen Klopp disse: "O melhor armador do mundo é a pressão". Esse conceito ficou bem claro nesse jogo. Foi um massacre, mas não foi um caso em que o Chile teve a bola o tempo todo e por isso foi muito superior. O que ocorreu foi que o Chile, com muita intensidade - característica do seu jogo desde Marcelo Bielsa - foi capaz de sobrecarregar o time adversário, roubando a bola no ataque, e criando muitas chances dessa forma.

A sensação que ficou é que o México, que tinha mostrado um bom futebol até aqui, não entendeu a diferença de nível entre a fase de grupos e as quartas-de-final. Acostumado em ter tranquilidade para sair jogando com os zagueiros, foi pego de surpresa, e antes que pudesse reagir, o estrago já tinha sido feito.

Essa é a lição a se tirar desse jogo. É preciso entender que a pressão e as linhas avançadas fazem parte do jogo atual. O Chile muitas vezes tinha zagueiros na linha de meio-campo, pois na hora da pressão, é preciso que o time todo acompanhe. Isso não o torna frágil defensivamente, porque o retorno é muito maior que o risco, quando a estratégia é bem executada. Além disso, o time joga no erro do adversário, mas faz mais do que isso, forçando esse erro. Não entender isso pode ser desastroso, como Osorio aprendeu.

O técnico do México estava invicto no comando da seleção. Apesar de ter bons conceitos de futebol, buscando sempre ter a bola para propor o jogo, tomou um baile. Não é caso para demissão, mas de aprender bastante com esse jogo. Não pode ser tão ingênuo quanto foi nesse jogo.

0 comentários:

Postar um comentário