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segunda-feira, 6 de junho de 2016

México 3 x 1 Uruguai - Copa América 2016

No melhor jogo da Copa América, o México mostra uma formação diferente e empolga, mas fraqueja com um jogador a mais. A seleção Uruguaia mostra força pra igualar o jogo, mas perde no final. As duas seleções saem forte para o restante da competição.
 
México

O técnico mexicano é Juan Carlos Osorio. Ele treinou o São Paulo no ano passado, tendo sido muito criticado pela imprensa brasileira pelas suas invenções táticas. Não poucas vezes foi chamado de professor Pardal. Contratado pela seleção mexicana, conseguiu uma incrível sequência invicta que chegou a 20 jogos contando com esse. Está perto de igualar a maior série invicta mexicana.

México em um inovador 3-4-3. Moreno e Araujo como zagueiros-laterais. Reyes como volante-zagueiro. Herrera como meia-e-atacante. Uruguai não encaixa a marcação e é dominado.
Para o jogo, ele novamente inovou. Enquanto algumas previsões listaram o time em um 4-3-3, o que se viu em campo foi algo diferente. O time jogou em um 3-3-1-3, ou 3-4-3 em diamante. Atrás, o interminável Rafa Marquez, contemporâneo de Ronaldinho no Barcelona, repetiu o papel de líbero que ele vem aperfeiçoando há anos. Do seu lado, Moreno e Araujo jogavam como zagueiros-laterais, abrindo bem. Reyes, um zagueiro de origem com qualidade no passe, jogou no meio-campo como primeiro volante. À frente dele, Layun, Guardado e Herrera completaram um meio-campo de muita mobilidade. Pelos lados do campo jogaram Aquino e Corona, que foram muito mais verdadeiros pontas do que alas. O centroavante foi Chicharito Hernandez, que vem de boa temporada peo Bayer Leverkusen.

Uruguai

A principal notícia em relação ao Uruguai foi a ausência de Luis Suárez da lista de titulares, por lesão. Assim, Oscar Tabarez, técnico que levou o Uruguai à quarta posição no mundial de 2010, escalou o jovem Rolan no seu lugar. A boa

O time foi escalado em um 4-4-2/4-2-3-1 com Muslera; Maxi Pereira, Godin, Gimenez (dupla de zaga do Atlético de Madrid vice-campeão europeu), e Alvaro Pereira; Sanchez, Vecino, Rios e Rolan; Lodeiro (ex-Botafogo e Corinthians) e Cavani.

México domina o primeiro tempo.
Quando o jogo começou, ficou claro que o Uruguai não entendia corretamente como o adversário jogava. Quando tentava pressionar a saída de bola mexicana usando seus atacantes, o México usava sua superioridade numérica para facilmente escapar, na base do toque de bola.

Os zagueiros pelos lados esticavam muito o jogo, e os pontas permaneciam bem avançados, empurrando os laterais uruguaios para a defesa. Reyes flutuava inteligentemente entre o meio-campo e a zaga. Nesse momento, os zagueiros atuavam como laterais puros, e acabavam avançando sem marcação.

A confusão uruguaia ficou evidente aos 3 minutos e meio, quando o México achou seu gol. Em uma tentativa de pressionar a saída de bola mexicana, Reyes virou zagueiro para desafogar. Rafa Marquez recebeu a bola, e, cercado por adversários, encontrou Guardado aberto na ponta-esquerda em bonito lançamento longo. Guardado era o meia-esquerda, mas nesse momento estava na ponta, enquanto o ponta, Corona, fechava pelo meio, atraindo a marcação do lateral Maxi Pereira. O ponta direita Sanchez tentava fazer pressão em Moreno, o zagueiro pela esquerda. E nem a dupla de volantes fez a cobertura, permanencendo a frente da zaga. Com isso, Guardado teve todo o espaço e tempo para fazer um cruzamento na área. O gol também contou com outro movimento característico do time mexicano, a infiltração de Herrera como atacante. Esse movimento acabou atraindo a marcação de Alvaro Pereira, que, atrapalhado, fez o gol contra. 

Guardado recebe a bola com muito espaço na esquerda. Reyes vira zagueiro, Moreno vira lateral, Corona atrai a marcação do lateral. Herrera infiltra pelo meio, levando o lateral uruguaio a fazer gol contra. Repare ainda como o ponta do lado oposto, Aquino, permanece aberto e com muito espaço.
 
Outro detalhe que pode ser observado no gol é o posicionamento do ponta do lado oposto, Aquino. Devido ao fato de Herrera se infiltrar como atacante, ele sempre acabava atraindo a marcação de um lateral. Com isso, o ponta que permanecia aberto tinha muito espaço. Isso aconteceu tanto com Aquino quanto com Corona, que foram os destaques do primeiro tempo.

O México continou a dominar o jogo, teve a posse de bola e atacou o Uruguai pelas pontas. Mesmo após o Uruguai entender melhor a equipe adversária, não foi capaz de encontrar um bom antídoto, sendo completamente dominado. A única boa chance do Uruguai veio com um movimento em diagonal de Cavani, tabelando com Lodeiro, forçando a Talavera a fazer boa defesa. Para complicar a situação da Celeste, no final do primeiro tempo, Vecino foi expulso com segundo cartão amarelo.

Com um a menos, Uruguai melhora e iguala o jogo.

Oscar Tabarez claramente soube entender muito bem as dificuldades que seu time estava enfrentando e tentou consertar as coisa no intervalo. Com dez jogadores em campo, poucos esperavam que o Uruguai viesse pra cima e pressionasse a seleção Mexicana. Mas foi exatamente o que aconteceu. Tabarez igualou o losango no meio-campo, com Arevalo Rios na base, Sanchez pela direita e Rolan (depois Ramirez) pela esquerda. No ápice, Lodeiro (depois Abel Hernandez). Agora a sobra do México era no número de zagueiros, o que não interessava na hora de ir pra frente. Além disso, os jogadores uruguaios souberam aumentar a intensidade para compensar - e até exceder - a desvantagem numérica.

Tabarez reorganiza o Uruguai em um 4-3-1-1. Hernandez e Cavani dão trabalho para o quarteto defensivo do México. A única sobra mexicana são os zagueiros.
Três tipos de movimentos também ajudaram o Uruguai a conter o México. O primeiro foi o de Arevalo. Como cabeça de área, ele podia acompanhar Herrera de perto, e se tornava um zagueiro quando este se infiltrava. Com isso, os laterais do Uruguai podiam se concentrar em marcar os pontas mexicanos.

Segundo, Sanchez e Ramirez igualavam Guardado e Layun no seu movimento lateral. Junto com Rios, eles se moviam de lado a lado para fechar o espaço de forma eficiente. O problema desse movimento é que deixava o lado oposto muito aberto, mas como o México não tinha laterais de verdade, e o Uruguai precisava correr riscos, foi uma estratégia correta.

Terceiro, Abel Hernandez se juntava a Cavani no ataque, ajudando a prender o trio de zaga atrás. Assim, os dois efetivamente ocupavam os quatro jogadores mais recuados do México, neutralizando sua vantagem numérica.

Exemplificando a intensidade e a pressão Uruguaia, Godin começou a defender de forma muito mais proativa, avançando com ele toda a linha defensiva do Uruguai. Em uma ocasião, ele roubou uma bola na linha de meio-campo e avançou com ela como um verdadeiro meia, criando ótima chance que acabou desperdiçada. Por isso, acabou sendo justo que ele fizesse o gol de empate, na cobrança da mesma falta que causou a expulsão de Guardado. De uma só vez, o Uruguai igualava o placar e o número de jogadores.

Jogo fica aberto, e México vence no final

Com a igualdade, acabou que o México conseguiu recuperar-se no jogo. O Uruguai mostrou sinais de cansaço devido ao esforço realizado, e diminui o nível de agressividade. Isso permitiu o México a retomar a posse de bola. O México voltou a levar perigo, mas o Uruguai também ameaçava.

O fator que acabou desequilibrando foi o repertório de jogadas ensaiadas do México, mostrando mais uma vez o mérito de Juan Carlos Osorio. Uma jogada de escanteio batido pra trás acabou terminando nos pés de Rafa Marquez, que chutou muito bem pra recolocar o México na frente.

Nos minutos finais, o Uruguai se lançou ao ataque. Godín se tornou um atacante permanente. No tudo ou nada, deu nada. O México ainda conseguiu mais um gol contra-atacando o Uruguai. Novamente Herrera apareceu na área para cabecear, após a segunda assistência de Jimenez, o atacante que substituiu Javier Hernandez.

Conclusão

Foi a melhor partida da Copa América até aqui, com duas equipes candidatas ao título mostrando bastante o seu valor.  O México mostrou que joga em casa com a presença massiva de mexicanos nos Estados Unidos. Conta com um time muito bem montado e que vem de uma ótima sequência. Joga de uma forma diferente que com certeza será muito estudada pelos seus adversários daqui pra frente. É preciso, entretanto, entender porque permitiu o Uruguai com um jogador a menos dominar a partida. No momento de acabar com o jogo acabou se complicando, e isso Osorio precisa corrigir.

Sem Suárez, o Uruguai mostrou o seu famoso espírito combativo. Com ele, que muitos consideram o melhor jogador da temporada, o time sul-americano se coloca em outro patamar. É preciso, entretanto, repetir a intensidade do ínicio do primeiro tempo. O Uruguai deve passar em segundo do grupo, o que significa um possível encontro com Argentina ou Chile nas quartas-de-final, por isso há uma certa urgência em encontrar a melhor forma, mas o jogo mostrou o que um Uruguai afinado pode fazer.
 

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